domingo, 9 de fevereiro de 2014

Estrada de tijolos amarelos?

        Contarei a história de uma menina que caminhava por uma estrada e ela via apenas um caminho.
        Essa menina, cujo nome não tive  a  oportunidade de ter conhecimento, era baixa, com cabelos escuros, ondulados, sedosos, que ao meu gosto, vestia-se bem. Vestido na altura dos joelhos, floral, e até parecia que a primavera a banhava, ela usava uma sandalinha verde que por vezes se confundia com a paisagem que a cercava.
        De longe parecia jovem e cheia de vida, como de praxe seu sorriso me enganou, assim que olhei seus olhos entendi que aquela jovem moça, bonita, possuía os olhos cansados, e mesmo com seus grandes cílios, não era possível disfarçar sua tristeza.
       Me assustei com a expressão que ela transmitia, observei seus passos cansados, suas costas envergadas, e sua respiração? Parecia não existir.
       A acompanhei para observá-la mais, e percebi que sua envergadura era a resposta para tamanha tristeza, ela necessitava envergar o corpo para frente na necessidade que seus olhos enxergassem mais à frente além do que era possível, além do que era preciso. Buscava enxergar mais a frente na intenção de ser mais rápida que seus passos, que por sinal, ela ainda não tinha percebido, mas seus passos só ficavam atrás.
       Ela caminhou por tanto tempo envergada que começou a perder as flores de seu vestido, sua sandalinha verde havia se perdido no caminho, agora ela estava descalça, e seus cabelos negros empalideceram, se racharam como uma árvore que perde a vida, seus cachos antes bem definidos se perdem na bagunça de si. 
       Ela sofreu. 
       Quanto mais ela se envergava, mais impossível era ficar ereta. O sorriso falso, que outrora ela conseguia disfarçar, não estava mais ali, seus belos cílios se perderam quando algum vento soprou.
       Me perguntei por tanto tempo, por que não gritei para ela? Por que não disse que aquela envergadura a mataria?
       Eu não pude gritar, eu havia perdido minha roupa no caminho, meu calçado, meu o penteado, minha maquiagem, eu havia perdido a voz.
      Eu também já havia perdido muito tempo.

       

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